sexta-feira, dezembro 25, 2009

Em busca do tudo...

Estava numa daquelas noites insones e agitadas, em que aguento uma mente cheia de nada, quando resolvi olhar pela escuridão. Senti vazio, um monte de nada se cruzava no meu olhar. Olhava em frente e nada via. Olhava o lado e nada tinha. Como me via tão inquieta se um nada me envolvia? Então percebi que o nada é o bastante. É o bastante para me encher de interrogações e inquietações. Se ali estava o nada, onde estaria o tudo? Aquele nada deixava o clima frio. Assombrava-me a cada momento. Mexia-me e remexia-me, desejando libertar-me do vazio. Foi então que resolvi procurar o tudo...

Levantei-me e procurei algo que cobrisse a falta que sentia. A ausência de iluminação impedia o encontro de uma saída. Andei Às voltas pelo quarto negro. Caía no negrume. Levantava-me mas de nada valia. É que por muito que caminhemos, se apenas seguirmos escuridão, não encontraremos claridade.

Decidi mudar de estratégia. Liguei um candeeiro e aí vi o que me rodeava: paredes. Limites à minha existência. Se antes sentia a minha visão limitada, agora era o meu corpo, o meu ser. Não iria preencher o vazio se estivesse enclausurada. Tinha de procurar a luz. A luz livre!

Caminhei lentamente até à janela.Tinha a esperança de, no outro lado, encontrar o que procurava. Abri e observei cautelosamente o silêncio do mundo. Parecia estar sozinha. Não se via vivalma. Tinha a certeza que o tudo estaria por ali...Mas onde? Continuava sem saber...

A luminosidade resultante dos candeeiros de rua já permitia o vislumbrar de todo um mundo a descobrir. No entanto, era artificial, era forçada. Naquela noite tinha decidido encher-me de sentido...Não queria encher-me à força...De vazio estava eu repleta!

Olhei para cima e aí vi. Vi algo que nem a mais elaborada estratégia humana pode alcançar. Vi algo que nenhuma luz artificial pode eclipsar. Vi algo tão natural e espontâneo, algo tão certo e cheio de sentido. A verdadeira luz da noite é aquela que vem da verdade e não falha. É aquela que não finge brilhar, brilha! É simples e a qual poucos ligam...Talvez os loucos...Ah como me quis encher de loucura naquele momento!

-Estrelas, como brilhais tanto? Parecem tão cheias de um tudo!

Pareceu-me ouvi-las falar enquanto dançavam na escuridão:

-Tudo o que precisamos é da nossa luz para brilhar.

Elas transformaram a escuridão numa festa e numa esperança. Apenas precisavam do seu brilho.

Regressei à cama. O quarto continuava negro como antes. Mas algo estava diferente. O vazio já lá não residia. Sabia que eu estava lá e era o que bastava.

Nessa noite sonhei que era também uma estrela brilhando intensamente no céu. De lá podia ver todo um mundo que era um tudo. Já não era eu a precisar de um tudo mas sim um tudo a precisar de mim. Era mais do que tudo! Dançava como as outras, naturalmente e tudo estava certo.

Desde aí que passei a ver a noite com outros olhos...

1 comentário:

Maria Teresa disse...

EXCELENTE

Maria Teresa*