domingo, agosto 17, 2008

O mundo que me é escondido!

Vontade de voar, de me libertar, caminhar por esse mundo e conhecê-lo para então escolher o meu lugar...
Porém, presa por correntes que me levam para uma morte lenta e dolorosa. Masmorras e carrascos me impedem de ver a luz do dia. O Sol não me aquece e não nasce par mim como para os demais. Porque não tenho o mesmo direito? Porquê este castigo?
E por vezes escapo. Ando por aí à procura do meu Sol. E vejo o mundo. O mundo que me é escondido. O mundo torna-se o meu sonho. E eu sonho com o mundo. O mundo que me é escondido.
E vagueio, sem um lugar a o qual chamar meu. Apenas paro; e chamo casa à prisão que logo me apanha e me relembra o castigo. Castigo apenas por ter nascido.
Casa, o que és tu? Lugar de protecção, bem-estar e felicidade, talvez...Como não tenho casa! Como a minha casa é o mundo...O mundo que me é escondido!
Mundo, como me escapo e te vejo! Como logo me apanham e mo voltam a esconder.
Mundo, quero tanto ver-te, quero tanto viver-te!
Libertem-me...Não me prendam, não me amordacem.

Afinal quem sois vos que fazeis do meu viver um tormento? Pensai bem no vosso papel. Não deverias vós assegurar o meu sorriso?

Procuro a minha casa. Casa construída com afecto, compreensão, diálogo, força...Não quero mais viver (será viver?) no meio de egoísmo, (des)controlo, incompreensão, indiferença, brusquidão...
Casa...A minha casa...onde sorrio, sou protegida, apoiada e guiada depois de ter vivido lá fora...no mundo. O mundo que me é escondido.
como dou tantos sinais de carência...E como ninguém nota...como ficam indiferentes às minhas lágrimas...E como choro na solidão!
Lágrimas que escondem estas palavras reprimidas pelo medo, a falta de um abraço, um ouvido e um sorriso...Em minha casa.

Um dia libertar-me-ei e viverei o mundo, tardiamente. Como não saberei viver após 18 anos de prisão! O dia-a-dia dos comuns será tão desconhecido para mim e será tão mais difícil vencer. Mas não voltarei para trás. Viverei e caminharei sozinha. Vencerei. mas permanecerá mágoa de até ali não ter tido o sorriso, a compreensão, a atenção e a palavra de uma família!

1 comentário:

Å®t Øf £övë disse...

Anabela,
Eu entendo como minha casa, não propriamente um espaço fisico, mas sim todo e qualquer lugar onde me sinta bem, e seja capaz de ser feliz. Pelo que devemos saber libertar-nos das amarras, e tornarmo-nos cidadãos do mundo, porque só assim podemos experimentar toda a felicidade que a vida tem reservada para cada um de nós.
Bjs.